Por conta de indisciplina na escola,
uma criança de apenas cinco anos de idade foi algemada e retirada da sala de
aula por três policiais nos Estados Unidos.
A direção da escola disse que só chamou
a polícia porque os pais da aluna se negaram em controlar a garota que quase
destruiu toda a escola. Os pais, por outro lado, se defenderam dizendo
que, já que a garota passa boa parte do tempo na escola, a disciplina de
sua filha é uma responsabilidade dos professores.
Diante das justificativas dos pais e da
direção da escola, percebemos claramente que o problema não é a indisciplina da
criança em si, mas a falta de responsabilidade dos adultos que simplesmente
transferiram as suas atribuições ao acaso.
Essa é uma realidade vivida até em
nossas igrejas hoje. Muitos cristãos, por exemplo, não se consideram
responsáveis pelo anuncio das boas novas. Para esses, o ato de evangelizar é
tarefa exclusiva de pessoas formadas em seminários. Vários pastores ou
missiólogos, por sua vez, dizem que ovelhas é que devem gerar ovelhas. Ou seja,
ninguém assume a responsabilidade de evangelizar.
A conseqüência é que nesse jogo de
empurra, onde as pessoas transferem as responsabilidades sobre a tarefa de
evangelizar, muitos pecadores continuam a viver sem ouvir falar de Cristo.
O pior é que várias pessoas até ouvem,
mas pela boca de charlatões que aproveitam da apatia dos verdadeiros
evangelistas, para tirar proveito da situação. Alguns, por exemplo, estão todos
os dias na TV realizando uma lavagem cerebral a fim de arrancar o máximo de
dinheiro possível com o pretexto de estarem evangelizando.
Nessa mensagem quero mostrar, por meio
do texto de 2 Coríntios 4.1-6, que a evangelização é uma responsabilidade que
não pode ser transferida, mas sim compartilhada entre Deus e todos os salvos em
Jesus Cristo.
O
papel do cristão na evangelização (vs. 1; 2)
Paulo é considerado um grande
evangelista escolhido pessoalmente por Cristo, mas um pregador que não se
achava melhor do que os outros. Pelo contrário, no verso de número um, ele
deixa claro que ele e seus companheiros evangelistas foram escolhidos não por
mérito, mas pela misericórdia de Deus.
Ele tinha a plena consciência de que
nós, como pecadores, merecíamos uma só coisa, a morte eterna. Porém Deus foi
misericordioso conosco ao sacrificar Jesus na cruz para que fossemos libertos
dessa condenação.
A questão é que mesmo perdoados, não
vamos direto para o paraíso, pois somos salvos do mundo para voltarmos ao mundo
como pregadores das boas novas. Somos nós os portadores da notícia de que
Cristo morreu na cruz para resgatar da perdição eterna os que aqui vivem sem
esperança.
Sobre isso, Dick Hills disse com
propriedade: “Cada coração com Cristo é um missionário, e cada coração sem
Cristo é um campo missionário”.
Assim entendemos que o evangelista não
é apenas aquela pessoa que prega nas ruas ou deixa a sua terra natal para
anunciar o evangelho em terras mais distantes. Pelo contrário, todo cristão é
um evangelista justamente onde está. O estudante na sala de aula, o
comerciante em sua empresa, o médico no hospital e a faxineira no local onde
trabalha.
Mas por que muitos, ainda que sabendo
que todos nós, crentes em Jesus Cristo, precisamos pregar o evangelho, não
anunciam as boas novas?
Parece-nos que a resposta é o desanimo,
pois era justamente esse o sentimento existente na igreja de Corinto. Paulo
mesmo diz no verso um para que os cristãos não se sentissem desanimados.
O evangelista jamais pode se esquecer
que as pessoas estão indo para o inferno, pois se assim pensam, se motivam a
pregar.
O arauto, ou seja, o mensageiro do Rei
entregava a mensagem com muita motivação. Realizava o anúncio ao povo ainda que
sabendo que muitos poderiam se revoltar com a notícia ao ponto de matá-lo. Na
Idade Média, por exemplo, os arautos faziam as publicações solenes como às
declarações de guerra. Por conta disso, nem sempre voltavam vivos. Mas ainda
assim falavam com muita coragem.
O verbo “pregar” encontrado no
Novo Testamento é uma derivação da palavra “arauto”. Ou seja, os cristãos são
como arautos de Cristo. Pessoas que não temem as conseqüências que podem vir
sobre elas por pregarem, pois a motivação de salvar as pessoas é maior do que o
medo. Além disso, não estão sozinhos, pois Deus tem o seu papel na
evangelização também.
O
papel de Deus na evangelização (vs. 2-5)
O verso de número 4 nos informa que
todos nós éramos como cegos espirituais aqui nesse mundo. Pessoas que não viam
a verdade do evangelho porque “o deus deste século cegou o entendimento dos
incrédulos”. Satanás é quem impede as pessoas de verem “a luz do evangelho da
glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”.
O diabo cega as pessoas mostrando para
elas somente aquilo que as afasta de Deus. Faz com que as pessoas busquem
popularidade, família, relacionamento, aquisições materiais entre uma
infinidade de outras coisas que não podem salvá-las.
O resultado é que, ainda muitos já
tenham ouvido falar sobre Cristo, vário ignoram o seu real valor. Dizem que
Jesus foi um homem bom, um grande professor, um curandeiro ou um profeta. Mas
não o considera como o Filho de Deus, aquele que veio salvar.
Até mesmo dentro da igreja existem
pessoas que não sabem quem Cristo é de verdade, ainda que já tenha ouvido falar
sobre ele várias vezes.
Certa vez, numa campanha evangelística
o pregador parou a palestra e pediu que cada pessoa falasse de seu testemunho
para a pessoa de seu lado. Um menino virou para o senhor ao seu lado e
perguntou: “Senhor, você conhece Jesus como seu Salvador?”. Um pouco indignado
o homem olhou para o menino e disse: “Meu filho, eu sou diácono da igreja”. Com
inocência, o menino respondeu: “Mas, senhor, isso não importa. Deus pode salvar
qualquer um.”
Esse garotinho sabe que as pessoas
podem ter um cargo, serem batizadas, se casarem e terem seus funerais na
igreja, mas que ainda assim, se não reconhecerem que Cristo é o salvador,
viverão eternamente no inferno.
Isso acontece porque a conversão é uma
ação que não dependerá só do nosso anúncio do evangelho. É algo miraculoso por
depender do poder sobrenatural de Cristo que abre a visão espiritual do cego
pecador. Deus possibilita, pelo Seu Espírito Santo, que uma pessoa veja os seus
pecados e venha a se arrepender.
Foi assim já na criação do mundo quando
Deus disse “Haja luz”, um claro ato milagroso em Gênesis 1.3. O mesmo Deus, que
trouxe luz ao mundo na criação, ilumina hoje o olhos dos pecadores,
capacitando-os a ver que Jesus é Deus.
Quando Paulo estava no caminho para
Damasco, ele perguntou: “Quem és tu, Senhor”, e lhe foi respondido: “Eu sou
Jesus” (Atos 9.5). Foi justamente neste momento que Paulo teve os seus olhos
espirituais abertos e a possibilidade de reconhecer quem, na verdade, é Jesus.
Pessoas não se tornam cristãos porque
falamos, mas porque Deus fala com elas por meio de nossas palavras. Sem o
auxílio do Espírito Santo, aquele que ilumina a mente do pecador, nossas
palavras não passarão de ruídos sem significado.
Tanto nós, crentes em Jesus Cristo,
quanto o Espírito Santo temos papeis importantes na evangelização. Pregamos o
evangelho e Deus confirma que o que dizemos é a verdade.
Conclusão
O anúncio da mensagem do evangelho
nunca foi algo tão necessário. Vivemos em uma período da história, por exemplo,
onde ataques promovidos pelas redes terroristas precisam ser paradas a fim de
se evitar mais mortes pelo mundo afora. Qual seria a melhor forma para que isso
acontecesse? As estratégias mais comuns de contra ataque é a descriminação, a satirização,
a “apatização” e a evangelização. Qual dessas é capaz de transformar um
indivíduo?
Paulo responde: “Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego” (Romanos 1:16). Nesse
verso Paulo utilizou a palavra poder que no grego é “dynamis”, raiz da palavra
dinamite.
Espero que todos nós venhamos a
entender, de uma vez por todas, que Deus quer nos utilizar para contra atacar o
pecado confiando a nós a dinamite do evangelho que é poderosa para destruir o
pecado e salvar vidas inocentes.
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